Sil Curiati é paulistana, amante do Rio, ex-moradora de Miami, gosta mesmo é de viajar.
Curte comes e bebes, é nos jantares que dá em casa que ouve os maiores
absurdos publicados neste blog, e se inspira também.
Vive com música nos ouvidos e nos pés.
Um dia será dançarina e fará propaganda nas horas vagas.
Vive sonhando acordada, como boa pisciana.
32 Carnavais, mais de 150 cidades no currículo.


Dando a cara pra bater:
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"There is no love sincerer than the love of food."
George Bernard Shaw



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Alka-Seltzer para paladares psíquicos:

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Morfina
My Blue Box
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Reli alguns posts desse blog e percebi, com um certo contentamento, que discordo de várias linhas do passado. Penso diferente. Um alívio.


Servido por Silvia C Planet às 14:55 . |


domingo, 13 de junho de 2010

O faxineiro que trabalha no meu prédio é super gente boa. Sempre tem papo: tá quente hoje, né? Que frio, hein? Hoje tá chovendo...

É ele quem passa de porta em porta recolhendo o lixo, 2 vezes por dia, porque aqui não tem aquela lixeira grande no andar. Toca a campainha uma vez, espera, toca de novo pra ter certeza que você ouviu e não vai abrir a porta porque realmente não tem lixo (e não por mera preguiça de levantar, colocar uma roupa apresentável ou roupão, amarrar o lixo e tal e coisa).

Mas o engraçado nele não é isso. O engraçado é que ele faz uma coisa que eu sempre impliquei, mas com ele não tem muita discussão.
Quando amarro um saco de lixo e o seguro, normalmente, seguro de um jeito que me assegura que ele não vai cair, abrir, desmilinguir nem nada. Para entregar ao faxineiro, normalmente eu só jogo dentro do sacão de lixo direto para não correr riscos mesmo.

Com ele não dá. Ele arranca, literalmente, o que você tem na mão para colocar dentro do saco que carrega do jeito que mais lhe agrade. E não adianta dizer "vai cair, deixa que eu ponho". Ele arranca mesmo. Pode ser uma pilha de coisas, vai tudo de uma vez, de um jeito avassalador.
A mensagem é clara: o saco é dele, e ninguém vai enchê-lo.

Controlar a encheção de saco é a melhor maneira de manter a paz, e ele sabe disso.


Servido por Silvia C Planet às 21:04 . |


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Durante muito tempo foi escancarado demais. Aberto, largo, grande. Não precisava de tudo isso, mas ela fazia questão. Ou não, ou era sua maneira de expressar exatamente o que sentia. Nada além. Era como sabia fazer.

Um dia foi meio aberto, e alguém se queixou. Esses buraquinhos esquisitos aparecem dos dois lados, dando a impressão de nem aberto, nem fechado. Morno. Em cima do muro. E como tudo que é assim, meio sem sal, não expressava nada. Significado nulo.

Depois disso, por alguns anos, ele se manteve fechado. De vez em quando escancarava, mas era tão rápido que passava despercebido aos desatentos. Foram anos que não valeram muito, poderiam sair da conta.

E duraram até ontem. Ontem foi o dia em que ele reapareceu. Suave, doce. Semi-aberto. Ou semi-cerrado. Lindo, reluzente e cheio de significância. Real, mais que tudo.
Aquele sorriso que surgiu no espelho, depois da cara lavada, seria, para sempre, o seu. O eleito. Seu símbolo máximo da perfeição.


Servido por Silvia C Planet às 21:21 . |


quarta-feira, 31 de março de 2010

Observar as pessoas sempre foi um dos meus maiores prazeres. Escutar também. Adoro ouvir a conversa alheia em mesas de restaurante, por exemplo. Almoçar sozinha é bom por isso.

A observação treina as percepções. Mas para isso, tem que ser aprofundada. Só o que está por fora não conta, tem que observar os modos e tons, a linguagem corporal, as pausas. As pausas são, quase sempre, as mais cheias de significado.

Quando eu era pequena o meu pai dizia que, em sua infância, ele sentava e ficava observando as orelhas das pessoas, e morria de rir. Orelha é uma coisa estranha, se você parar pra ver no detalhe.

Mas o legal disso foi aprender a olhar esses detalhes pequenos, que muitas vezes escapam às pessoas. Com a orelha observada pelo meu pai na infância, aprendi a notar a ponta do nariz que mexe involuntariamente, ou uma bolinha de gordura que surge nas têmporas em um sorriso, uma unha que está sempre muito mais curta que todas as outras, uma mancha que está presente em todas as camisas, no mesmo lugar, ou aquele amassadinho característico no porta-malas do Fiat Palio (todos tem, convenhamos).

Observar ajuda a gente a se situar no mundo, no lugarzinho certo. Tira a cabeça do plano das ideias, sonhos e planos, e faz com que a gente viva aquele segundo e perceba em que contexto está, e como fazer parte dele.

Nada mais saudável e relaxante. Eu recomendo.


Servido por Silvia C Planet às 16:35 . |


terça-feira, 30 de março de 2010

Naquela manhã, escolheu a roupa mais despojada-chic que poderia. Uma camiseta branca, colete, lenço no pescoço. Jeans, bolsa grande, estilosa. Em vez da bota baixa, que seria o natural do seu dia a dia, optou pelo seu maior par de saltos.
Seus cabelos estavam longos o suficiente, e conseguiu, por um dia inteiro, caminhar do jeito que imagina que Gisele caminhe.

Gisele estaria mais confortável, sem sobra de dúvida. Saltos como aqueles não são parte do seu look diário. Mas para andar como Gisele deve andar, eles seriam indispensáveis.

Gisele morreu na segunda. Na terça, Audrey foi a escolhida.

Vestido rodado, acinturado. Sapatilhas, para dar o devido descanso às pernas de Gisele. Uma fita no cabelo e delineador, combinados a gestos comedidos e tom de voz baixo, elegante. Elegantérrimo. Dona do seu espaço, sem invadir o de mais ninguém.
Ser Audrey deve ser assim mesmo, o máximo da educação e feminilidade.

Mas quarta não seria um bom dia se Lily Allen não viesse quebrar paradigmas. Cheia de caveiras, metais e ilhoses. Um glam rock sexy e invasivo, aparecia porque se fazia aparecer.

Era assim todo santo dia. Uma realidade diferente, uma nova mulher. Não compunha apenas o visual, mas toda a atitude, as palavras e gestos. Acionava pessoas que combinassem com aquele mundo, naquele dia. Não podia misturar as amizades, afinal de contas, amigas da Audrey não combinam com Lily, e vice-versa.

Cada dia ser uma é muito melhor que ser ela mesma. Sem sal, sem personalidade, sem gostos, vontades, sem amigos, sem prazer.
Não é fuga, apenas uma questão de escolhas.


Servido por Silvia C Planet às 19:22 . |


terça-feira, 23 de março de 2010

A arte de deixar ir é mais bela - e complexa - que a de conquistar e manter.

Porque para fazer alguém querer genuinamente estar ao seu lado (e não me refiro somente a seres do sexo oposto com interesses românticos ou semelhantes, mas a qualquer pessoa com quem você se relacione) basta, teoricamente, você ter um foco: o outro. Olhar para ele com curiosidade e interesse e perceber o que, em você, desperta nele a vontade de parar ali onde está e ficar.

Percebendo isso - e que isso não te agrida - fica bem simples. Quanto mais você tiver daquela poção mágica super bonder, mais perto o outro ficará de você.

Tudo bem que falando assim parece uma fórmula absurda e banal, mas é o que inconscientemente nós fazemos. Nos tornamos alguém interessante àquele que nos interessa como camaleões. E por ser tão fácil fazer isso, nem percebemos quando fazemos. Vai me dizer que você nunca se pegou exagerando num trejeito seu, ou dominando um pouco mais um assunto que já conhecia só porque o outro (e de novo, pode ser seu chefe, amigo, colega de trabalho, ou affair) gosta daquilo?

Claro que algumas pessoas exageram e criam um "outro eu", em cima de temas que nunca curtiram, só para agradar mesmo. Mas não me refiro a esses malucos nesse post.

Agora, voltando ao início do meu pensamento, acho complicado, acho um talento máximo, saber deixar ir. Não é fácil, pelo menos para mim.
Não falo (repetindo) de amores necessariamente, porque essa história já é batida. Mas às pessoas que passam pela sua vida, ficam, criam um cafofo, se acomodam e te acomodam, e de repente, do nada, você nota que tem um estranho aninhado ali. E não tem mais a menor afinidade com esse estranho. Mas de tão conhecido que esse estranho é, fica impossível tratá-lo conforme você se sente agora.

Eu tenho algumas sortes. Muitos desses "velhos estranhos" somem da minha vida como passe de mágica. Desaparecem, não dão notícia. E aprendi que devo deixar assim, não correr atrás, não tentar entender. Há razões que a própria razão desconhece, já dizia alguém mais sábio. Se a pessoa se foi, foi porque quis. Ninguém a expulsou. Então deixe. Sem mágoas ou rancores, sem culpas que surgem para lembrar que você é humano e todo humano é necessariaente culpado de algo desde o pecado original. Mas é tudo bobagem.

A arte de deixar ir é mais bela por isso. Dá mais trabalho, exige uma lapidação mais delicada do consciente ao inconsciente. Pede uma elegância natural que poucos temos. Mas resulta em obras extremamente ricas e complexas, com mais dimensões, e com isso, mais atraentes a outros públicos que você jamais conheceu.


Servido por Silvia C Planet às 08:54 . |


segunda-feira, 15 de março de 2010

Então você vai tomar o primeiro café da manhã com o fulano/a fulana com quem passou a primeira noite junto.

Pois bem, vocês entram na padaria, uma Benjamin Abrahão da vida. Na entrada dão 2 comandas. Vocês, com a pouca intimidade "prática" que tem (porque a outra intimidade, já tiveram), aceitam calados. Melhor cada um pagar a sua, sempre. Nunca pega mal.

Escolhem a mesa, sentam, e a mocinha vem tirar o pedido.

- Bom dia!
- Bom dia, eu queria um suco de laranja e um pão francês na chapa, por enquanto.
- Eu um chá com leite e o sanduíche de pão integral com queijo branco, quente.
- Marco na mesma comanda?
- Ehr... pode s...
- Ahn, não, não marca.

E os dois, que mal se conhecem, ficam numa situação onde um pensa que o outro é mão-de-vaca, e o outro pensa que o um é um ser indeciso e confuso.

Isso quando não é na balada. Ambos chegam juntos, e na entrada perguntam "uma só comanda?". E ele sabe que ela está no pique e vai tomar 18 anos a noite toda, e ela sabe que ele perdeu o emprego e não vai conseguir nem pagar por três cervejas direito.
E isso vai implicar que eles, cansados no fim da noite, tenham que fazer contas de quem paga o quê.

Não estou falando de casais íntimos, aqui, veja bem. Porque na intimidade tudo se resolve. Eu pago hoje, você amanhã. Que mané comanda junta que nada, quero 2 e se encher muito quero 3. Põe tudo na mesma conta que eu não vou pagar nada mesmo, e por aí vai.

O problema são os casais no início, esses que mal sabem se comportar quando encontram um amigo, porque não tem ideia de como apresentar o parceiro ainda.

Se existe a porcaria da comanda, dá pra ter desconfiômetro e dar uma por pessoa, e não perguntar nada, nem ter preguiça de marcar o suco em uma e o chá na outra?

Hoje eu vi 2 casais passando por isso. E quatro pessoas gagas, sem exagero.


Servido por Silvia C Planet às 15:29 . |


quinta-feira, 11 de março de 2010

Essa coisa de fama virtual é muito curiosa.

A princípio, nos primeiros contatos com a facilidade de se chegar à ribalta, a pessoa fica viciada. Cria blog. Entra em todas as redes sociais. Faz muitos amigos. Quer mais amigos, mais seguidores, escreve posts a cada 2 horas e posta nas redes sobre esses posts incessantemente. Fica checando se há comentários. Se são bons. Se entrou muita gente no blog. Se não entrou, porque não entrou. Onde estão entrando e de que estão falando. E se eu falar do tema. E se eu ameaçar sair do ar. E se eu mudar meu layout. E se eu criar uma polêmica.

Viciada não. A pessoa fica doida, mesmo.

Mas isso não é crítica minha a ninguém. Porque isso é normal. Um senso de sobrevivência bizarro, como a internet sendo darwinista e determinando que só os melhores irão sobreviver. Natural mesmo.

O problema é quando isso dura mais que um mês, ou dois. Daí caracteriza uma patologia. Porque a pessoa deixa de fazer as coisas porque ama, porque tem afinidade ou aptidão, e passa a fazer em função do outro, em função de uma meta de fama virtual, de um objetivo efêmero e raso.
E quando é criticada, leva aos extremos. Enche a rede de amargura com o seu sofrimento. Reclama dos reclamões, critica os críticos, e faz tudo no mesmo nível (baixo) de educação que os que causaram tamanha dor. Usa palavras melhores, mais escolhidas, mas ainda assim, segue ferindo o direito de expressão do outro porque o seu foi ferido, e cria uma pseudo briga entre famosos e escondidos. Promove uma caça aos IPs. Bloqueios. Passa nervoso. Fica genuinamente triste e machucado. Sofre.

Sei lá. Na época em que virei blogueira, lá nos idos de 2003, eu não tava nem aí. Escrevia porque queria um canal com meu país, já que morava fora. Falava das minhas experiências, sem muito brio no texto. Contava "causos", inventava histórias.
E sei que só tive leitores porque me apaixonei por outros blogueiros que já nem blogam mais, e passei a ser leitora assídua de seus excelentes textos. Excelentes, eu repito. Gente muito, muito boa, que fazia verdadeiras comédias e dramas com suas palavras. Talvez poucos os conheçam hoje, pena. Tive sorte de ser contemporânea.

E alguns deles, como também eram apaixonados por conhecer novos talentos, novas opiniões, passaram a frequentar o Salón. Isso me fez ter muitos acessos diários, e muitos, muitos comentários. Tenho um livro impresso em casa com isso, porque na troca de tecnologia, perdi essas preciosidades.

Era bem saudável. Às vezes surgiam comentários baixos, pesados. Mas não dava pra monitorar muito. Os outros leitores discutiam e tudo se resolvia. Ninguém se expunha mais que o necessário. Porque no fundo, todos estavam lá porque amavam o canal novo que tinha surgido, e tinha muita, muita coisa boa pra pôr pra fora.

Até que a fonte secou. Uma hora, a inspiração se foi e eu abandonei o Salón. Mas não deletei, porque amo muito esse lugar pra apagá-lo da minha vida. Quando releio textos antigos, lembro de amigos e desconhecidos que comentaram isso ou aquilo, e que me inspiraram para um próximo texto.

Hoje vejo muita picuinha nos blogs. Não é crítica, é observação. Perde-se muito tempo comentando negativamente posts, desaprovando comentários negativos, e criando uma guerrinha boba que não leva a nada, a não ser a preguiça de leitores bem intencionados.

Raramente comento nos blogs. Por nada, porque não me sinto motivada mesmo. Quando dá vontade, escrevo. Procuro comentar quando é positivo, mas já aconteceu de eu precisar dizer que discordo. Sempre educadamente, porque não há razão para ser diferente.

O que quero dizer é que concordo que haja um excesso de maldade em comentaristas anônimos, mas concordo com esse post aqui (muito bom e bem escrito) que fala de quanto tempo é perdido em torno dessas bobagens.

Isso torna esse meu post mesmo uma grande bobagem, falando do tema que não merece ser falado. Mas eu tinha que dizer, porque depois que li o post do link acima, me lembrei de como me sentia como blogueira ativa há anos atrás. E é muito diferente do que muitos dos blogueiros de hoje me transmitem. Me dá uma nostalgia pequenininha. Sensação de vovó quando diz "no meu tempo era diferente".

Reativei o Salón, abri o My Blue Box e o Fleur d'Épices por uma única razão. A mesma que sempre me fez escrever. Minha satisfação. Minha vontade de expressar minhas paixões.

Se vão ficar famosos agora? Duvido. Se eu terei o "status de blogueira" que tinha há anos? Certamente não. Se isso me incomoda? De jeito nenhum.
Como muitos de vocês, talentosos blogueiros (que talvez nunca leiam esse post), deveriam não se incomodar também.

Espontaneidade é uma das coisas mais belas que existe no ser humano. Deixe ela existir, não tente podá-la. Quanto ao problema (grave) da falta de educação... é um problema do outro, certo? Não seu. "Deixe que ele resolva", diria minha terapeuta.

Ainda bem que nada é unânime, e existem blogueiros sensacionais, escrevendo maravilhas e fazendo nossos dias melhores, ainda mantendo aquele espírito de "antigamente" de usar o blog pra algo mais simples e sublime que apenas a fama.


Leitura obrigatória de antigamente, e de hoje quando ainda escrevem: Morfina da Van, Verissimos da escumalha, Ao Mirante, Nelson, Jayme e Dito Assim, Anninha Maron, Cris Dias, Epinion da Paula Abreu, Blog'n'Roll do Boechat, Bravo Figaro do Gui, 3 Minutos do Masili, Carne Crua do A. :), Monsterdays do Tonim, Muito Suspeito da Dandan, Vida + ou - do Daniell, Eufonia do Barizon, Afrodite da Claudia Letti, Meditabundas e MegaZona de Nego Lee e companhia, Pura Goiaba do Ruy Goiaba, Nêga do Leite da Gabi, Pensar Enlouquece do Inagaki, Tudo Sempre Igual da Luana, Lixomania do Klein, Perto do Coração Selvagem do Guiu, Poucas e Boas da Ju - que na verdade, foi a pessoa que me fez blogar.


Servido por Silvia C Planet às 18:26 . |


quarta-feira, 10 de março de 2010

É tanto amor que a distância cria ondas, para poder tocar no amado. Porque amor sem tocar, platônico, não faz sentido mais.

E o amor é tanto que, quando se tocam, as ondas formam círculos concêntricos a partir dos dois, chegando a quem se interessar por histórias de amor e coisas belas. São esses que se contaminam com o amor de terceiros.

Com tanto amor, não há presente melhor que o sorriso da chegada, aquele nos olhos, que vem celebrando o fim de um dia e o começo de uma noite.

É amor de flor aberta, desabrochada, perfumada. Mas que dura mais que qualquer botão cheio de certezas, com sua maturidade serena.

É tanto amor que não se permite escrever, porque fica reduzido em palavras de alguém que talvez nunca saiba que amor é esse.
E descreve mais ou menos quem já sentiu.
Não descreve, quem desconhece e não compreende.

Descreve bem, mesmo, quem sonha.
Porque só nos sonhos existe a sensação do infinito e do ilimitado, como é esse amor.


Servido por Silvia C Planet às 12:40 . |


terça-feira, 2 de março de 2010

- Eu estou com ele porque já tenho quase 30, ué!

Respondeu com uma clareza e uma certeza invejáveis à pergunta das amigas, depois de todos os podres que havia contado do fulano em questão.

- E o que os 30 tem a ver com isso? Você vira abóbora no dia do seu aniversário?
- Como assim o que tem a ver? Se eu não continuar com ele, não dará tempo de conhecer alguém, me apaixonar, fazer com que ele se apaixone e casar, em apenas 3 meses!!!
- E você tem que casar aos 30 por...
- Ai, gente, de que planeta vocês vieram? Depois dos 30 é "ninguém me ama, ninguém me quer!". Só fracassadas casam depois dos 30, o correto mesmo é casar antes.
- Hellooooo!!! Eu me casei depois dos 30!
- E eu já passei dos 30 e não acho que não vou casar!
- Eu casei e divorciei, e agora casarei de novo, com quase 35! Tá louca???
- Ah, mas vocês são diferentes. Vocês optaram por isso.
- E você pode optar também, sabia? Ninguém te tirou opção alguma na vida.
- Você acha mesmo melhor se casar por conta de uma convenção? Depois de tudo isso que você contou pra gente?
- Não é convenção. É o que sempre quis para mim. Casar antes dos 30. Ter filhos até 33...
-...virar dona de casa desleixada e pançuda aos 35. Entendi agora. É um bom plano de vida.
- Ah claro, sem contar com o marido safado pulando a cerca nesse meio tempo, deve fazer parte do sonho, também.
- Não me sacaneia. Ele não vai pular cerca alguma, nem eu vou desleixar.
- Ah não? Ele já não apronta agora? Apressar as coisas só vai fazer ele se apressar também, e mostrar a que veio. Eu sou contra. Esse casamento é palhaçada.
- Então minhas amigas não vão ao meu casamento? Entendi bem?
- É. Entendeu sim. Pra você começar a perceber que aquela parte em que você disse "... me apaixonar, fazer com que ele se apaixone..." foi pulada, você não cumpriu. Isso não existe na relação de vocês.
- O que existe é uma grande ilusão e uma grande pressão nessa sua cabecinha de vento.
- Antes só, que mal-acompanhada.
- E saiba que, para casar antes dos 30 conhecendo o cara há 1 ano, ou você passou por uma experiência incrível com essa pessoa que mereça o fechamento com chave de ouro, ou você tá pinel, doidinha da silva. Que é mais o seu caso, já que nem morar junto vocês moram.

E todas se levantaram, largando a quase-balzaca com cara de interrogação.
Talvez algo tenha entrado na tal cabecinha de vento. Talvez não.
Quem sabe.


Servido por Silvia C Planet às 13:13 . |


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Copio aqui o texto que me foi passado por email, quem sabe a gente consiga ajudar!


"Eu, Soraya Pereira, Presidente do Projeto Aconchego , Grupo de apoio à Adoção e ao Apadrinhamento de Brasília, após constatar a veracidade do fato com a diretoria do Abrigo 'Nosso Lar'. Venho pedir a vocês que divulguem essa notícia.
Meu obrigada."

Em novembro, foi encontrado na rua, uma criança de aproximadamente 2 anos muito bem cuidada e muito bem vestida, e disse se chamar Tiago.
Levado ao juizado,foi encaminhado ao 'Nosso Lar', onde trabalho. Temos informações de que diligências foram feitas na região onde a criança foi encontrada, e nada. Todas as delegacias notificadas, e nada. Não foi possível nenhum tipo de informação dessa criança. Como o tempo está passando, ela logo será encaminhada para adoção, mas não acredito que ela não tenha ninguém nesse mundo, pois quando ele chegou chorava muito e apresentava bons costumes.


SEGUE A FOTO DA CRIANÇA REPASSEM, POR FAVOR.
ELE FOI ENCONTRADO EM BRASÍLIA, MAS PODE SER DE QUALQUER LUGAR DO PAÍS.



Servido por Silvia C Planet às 10:41 . |


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Acabo de ler esse texto do Fernand Alphen, com quem já tive o prazer de trabalhar e aprender muito, quando ainda era estagiária, começando a entender esse mercado. Foi inevitável pensar um pouco sobre o tema, já que me identifico imediatamente com planejador, o teórico, por fazer isso pra ganhar o pão nosso de cada dia.

Cheguei à conclusão que discordo da opinião de Fernand. Por algumas razões muito simples e outras muito complexas e polêmicas, que não vão caber aqui.

Falando da mais simples, cada profissional tem motivações e naturezas diferentes. Enquanto uns gostam de costurar desde o início, dando o nozinho na linha enfiada na agulha, até o arremate final e a peça passada, dobrada e devidamente embalada, outros preferem focar no ponto, se será aparente ou invisível. E não se preocupa se no final ele será pendurado em um cabide ou dobrado para caber em uma caixa. Só importa a ele que a costura não se desfaça, pois é o que estruturou a peça. Confiando nisso, ele não vê necessidade de ir atrás da distribuição para conferir o produto final.

Um consultor de planejamento atua dessa maneira. Costura e entrega. E realmente, fazendo uma metáfora com o que bem disse Fernand, não vai ver aquela peça sendo usada, porque talvez ele nem a reconheça depois das alterações pelas quais ela passou, e sobre as quais, obviamente, o "costureiro" não foi avisado.

Eu trabalho em agência. Cuido da coisa do começo ao fim. Mas aprendi a arte do desapego, coisa que afirmo que todos deveriam aprender. São inúmeras as vezes em que cada parte fez um belíssimo trabalho e o produto final foi uma verdadeira obra de arte. Mas por razões cabíveis ou inexplicáveis, tudo desmorona, começa do zero, e a ideia do planejador é aproveitada como uma mera defesa de uma parte do projeto, a da criação vira um Frankenstein e a da mídia é completamente desvirtuada para caber em uma nova realidade. Ah, os objetivos continuam os mesmos, claro.

E vivendo esse problema em agências, depois de já ter feito alguns vários trabalhos de consultoria independente, às vezes acho esse segundo mais interessante e estimulante. Eu inicio e fecho um ciclo, para ser executado por outras pessoas que mal conheço. Normalmente também profissionais independentes, ou de agências menores. E, por incrível que pareça, na maioria dos casos esses trabalhos menores saem exatamente conforme programado.

Tudo isso me faz ter uma outra opinião que talvez seja a que tiro do texto do Fernand. No fundo, não sei se esse modelo tradicional de agências vai funcionar ainda por muito tempo. Vejo grandes ideias brotando do lado de fora, por gente de diferentes formações, que viram, então, "grandes planejadores". E as execuções sendo feitas por outras pessoas, não necessariamente produtores ou mídias, mas que poderiam muito bem ter esses rótulos, se trabalhassem com a gente.

Acho atraente a proposta de ser "consultor". Não curto muito o título, mas a liberdade que ele dá um planejador de mergulhar fundo no problema, com visões menos viciadas no dia-a-dia do cliente, trazer insights e grandes ideias e ideais para a criação, ou para o desenvolvimento de produto, ou para uma mudança de negócio, depois sair e começar tudo de novo em um outro lugar. Isso me parece dinâmico, real e mais realizador que ficar preso a moldes impostos pela união de duas estruturas - da agência e do cliente - que se tornam os maiores limitadores aos grandes pensamentos. É bom saber aproveitar o que cada um tem de melhor. Alguns serão pensadores e criativos, outros executores. Quem gosta de pensar e pesquisar, vai querer fazer isso sempre, mil vezes se for necessário. Vai querer resolver o problema do cliente com sua ideia. E vai conseguir. E se o que gosta de executar tiver a mesma paixão e compromisso, a entrega será perfeita. Independente de fazerem parte da mesma estrutura.

Li ontem que a estilista Fabia Bercsek desistiu da sua loja, recém aberta em nova casa. Disse que é uma artista, e é isso que gosta de fazer. Não se preocupa se a roupa será usada ou não, ela quer é criar. É a isso que me refiro.
Sabe a história da índia que fazia jarros de barro? Sempre que estava terminando, seu filhinho colocava o dedo e o jarro desmoronava. Aconteceu repetidas vezes, até que um branco perguntou "por que você simplesmente não tira o menino do seu lado, e guarda o vaso rapidamente?". E ela respondeu "eu gosto de fazer, e ele, de desmoronar. Por que eu deveria fazer o que o senhor sugere?".

Mas é só minha opinião hoje. Talvez quem passe por isso no dia-a-dia pense diferente. Porque no fim, nada é perfeito mesmo, certo?


Servido por Silvia C Planet às 11:38 . |


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Adoro cortar os cabelos. E normalmente não sei o que fazer, deixo na mão do profissional.
Sim, eles me adoram por isso.

Ontem cheguei no lugar sem achar que iria realmente cortar. Bati um papo, mostrei uma foto fantástica da Lily Allen, de cabelos bagunçados, make rock'n'roll, batom vermelho, tudo o que eu gosto. Chic-sensual-descolada. E cabelo com cara de que não dá o menor trabalho.

Eu falei pra ele "queria isso........." (todas essas reticências mesmo, porque no fundo eu queria sair de lá com aquele EXATO visual, a cara dela e tal).
Ele disse "olha, cabelo que você acorda e tá pronto, não existe." Ué, mas o meu é assim, pensei. Imediatamente completou, como se me ouvisse "o seu tá sem graça, por isso você deve achar que não dá trabalho."
É, pois é.

Passei a navalha. Tá bem mais curto, a franja de volta, e eu feliz.
Hoje com delineador e batom laranja, pra me sentir como a Lili Allen só um pouquinho, mesmo que completamente nada a ver com ela, e totalmente fora de contexto, sentada no escritório silencioso, fazendo um planejamento.

I keep rockin'rolling on the inside.

(a musa)



Servido por Silvia C Planet às 13:46 . |


domingo, 31 de janeiro de 2010

Um homem nos seus 50 e poucos, entrou em um táxi carregando apenas uma mala de mão. Chegava de um vôo de 14 horas mas não parecia exausto, a expressão só pesava por conta de um par de bolsas embaixo dos olhos. De resto, fresco como a manhã.

Indicou o endereço ao motorista e pediu, no idioma local, sem sotaque:
- Sem pressa, por favor.

Era a primeira vez que visitava aquela cidade, aquele país. Queria ver tudo com calma. A primeira impressão era sempre a que mais lhe marcava, e às vezes, a única que sobrava ao final de dias enfurnados em salas de reunião.

O motorista olhava pelo retrovisor com um certo ar de desconfiança.
- Sem o quê, meu senhor?

- Como?

- O senhor pediu para eu ir nesse endereço, sem...?

- Ah, puxa. Sem pressa, só isso. Não estou com pressa. - de novo, com perfeição.

Ainda com cara de quem tenta adivinhar quem está falando do outro lado do telefone, o motorista começou a dirigir e resmungou qualquer coisa.

- O que exatamente o senhor não entende?

- Essa palavra "pressa". Não existe isso. Não sei de onde o senhor vem, nem quem te ensinou a falar nossa língua, mas essa palavra não existe. Não sei o que o senhor quer.

De fato, observando a cidade à medida em que iam, não havia o menor sinal de pressa. Ninguém correndo atrás do ônibus, nenhum carro rápido, nenhuma buzina, ninguém impaciente na fila da padaria ou na porta do banco. Uma cidade vivendo um dia tranquilo, poderia ser. Mas seria milagre demais, pensou rapidamente. Não existem cidades assim, porque simplesmente não existem pessoas assim. O ser humano é ansioso por natureza, e a pressa vem disso. E de outros fatores, relacionados a atrasos, a contratempos, a preguiças matinais.

Ficou contemplativo pensando se estava dormindo ou se era aquilo mesmo: estava numa cidade, aparentemente normal, onde não havia pressa. Ou sequer o vernáculo. Tudo a seu tempo.

Passou uma semana lá, mas pareceu um mês. O tempo fluía lento, e com isso, dava para tudo: acordar, correr no parque, tomar banho, ler o jornal com o café, sair para o escritório, cumprir todas as obrigações sem deixar nada para o dia seguinte. No meio tempo almoçar, tomar um chá à tarde, ligar para a esposa e conversar sem contar os minutos para voltar a uma reunião, ir ao cinema saindo do trabalho, jantar, tomar um vinho, ler um livro, e dormir 7 horas até o dia seguinte. Tarefas que, ora, em situação normal, em um lugar comum, ele teria que dividir entre os 5 dias úteis da semana para tentar cumpri-las. Como qualquer pessoa.

Não se sabe se por facilidade de adaptação, ou se por mero acaso e contaminação do modo de viver daquela cidade, ele foi ficando. Já não tinha, como sempre temos, pressa de voltar para casa.

E isso durou uns bons anos, até que aquela falta de pressa o fez esquecer completamente que ela existia, e já não havia razão para ir e vir, porque tudo, eventualmente, é resolvido.
Foi feliz para sempre.


Servido por Silvia C Planet às 17:22 . |


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Eles tiveram a maior briga do mundo. Berraram um com o outro no carro, como nunca haviam feito. Estavam a caminho do restaurante japonês da moda, mas pareciam estar indo a um enterro. Ambos com cara fechada, ela nem se arrumou direito porque já saiu de casa em clima de discussão.

Chegaram debaixo de temporal. O rapaz do Valet veio buscá-la com um guarda-chuva, mas ela estava tão irritada que desceu rápido do carro e foi direto à porta do restaurante.
Ele veio atrás, mais devagar. Essas coisas que homens fazem para irritar e ganhar tempo.

Pararam diante da hostess. Ele mudo. A hostess pergunta "mesa para 2?". "Sim", ela responde, já fuzilando o namorado com o olhar, porque isso é coisa de homem fazer, não de mulher, seu mal-educado.

São encaminhados à mesa. Ela prefere sentar-se encostada na parede. Ele à sua frente.
As caras amarradas, não respondem nem ao boa noite do garçon.

Ele pediu um saquê, e nisso, ela levantou o olhar para captar, em seu radar, quem entrava. Uma loira de 1,80m, cabelos lisos e longos como suas pernas, à mostra num shortinho. Uma blusa com um decote indecente - sim, indecente para um restaurante que não é balada, e ela arriscaria dizer, indecente até para uma balada - deixando um par de peitos siliconados à mostra. "Será que ela nunca ouviu a lei da proporção? Curto embaixo, cobre em cima, e vice-versa?" pensava tensa e incomodada.

A briga tinha sido causada por ciúmes, e uma mulher seminua (e linda, tá bom...) aparecendo assim, sem mais nem menos, só pioraria a situação. Tudo coisa de cabeça de mulher. O cara nem olhou, nem viu, e ela já viaja, achando que ele está apaixonado e vai pular na gostosona assim que ela sentar.

Sentar? Onde? Tem certeza? Ao seu lado. Ou seja, na diagonal do namorado. Ai meu Deus. Os peitos à noite toda à mostra, combinando com o sushi. Tudo brilhante e suculento. Ela não poderia aguentar.

Mas ele nem deu trela. Não olhou. Obviamente viu, porque homem tem visão periférica melhor que a de mulher, normalmente (o futebol treina eles muito bem). Sabiamente preferiu fingir-se de morto.

De qualquer maneira, ela não podia deixar barato. Onde já se viu isso? Essa mulher ali, comendo sushi, do seu lado! Com aquela roupa! E cílios postiços? Ah não, é muito pra sua cabecinha.

Depois de umas quatro doses de saquê, e sem apetite para o peixe, aproveitou os minutos que ele usou para ir ao banheiro, pulou na mulher e estapeou sua cara, puxou seus cabelos e gritou feito doida.

Pegou sua bolsa e saiu correndo, ainda na chuva, pensando que a combinação briga e saquê foi a melhor coisa que tinha acontecido na sua vida, nos últimos tempos.
Sempre teve vontade de bater numa mulher mais bonita e nunca teve coragem. Depois, nada de culpa. Se ela não se lembrar é porque não fez. Como disem os bons bêbados.


Servido por Silvia C Planet às 10:41 . |